terça-feira, 14 de outubro de 2008

Dispositivos que ajudam a suportar

Depender de transporte público não é fácil! Eu estou com fobia de trens, e isso explica a ausência de posts novos neste blog. O trenzinho, aquele da linha “Esmeralda” então... vixe! Estou com verdadeiro pânico e tenho feito doideiras (e gasto bem mais) só pra fugir dele.

Os políticos deveriam ser obrigados a usar apenas o transporte público que oferecem. Ué... nada mais óbvio e justo! Táxis, carros com motorista, helicópteros e outras facilidades não deveriam ser permitidas, eles teriam mesmo é ter de pegar “buzão” e, principalmente, “trenzão” para se locomoverem. Se fossem obrigados a isso, iriam abrir mão do cargo rapidinho.

Se isso fosse sugerido, apareceriam vários argumentos contra, e um poderoso seria o atraso. Políticos têm muitos compromissos, não podem se atrasar. Dependendo de transporte público, dificilmente conseguiriam cumprir suas agendas. Ahahahaha... e nós, cidadãos, trabalhadores, não temos agendas e horários a cumprir??? Pois não é esse o tipo de transporte que oferecem para nós??? Então, nada mais correto do que terem de usá-lo também, de suportá-lo, de depender deles, e ainda correndo o risco de serem demitidos por chegarem atrasados, assim como nós.

Ainda por cima, por causa do trânsito caótico, fazem campanhas e mais campanhas para que a população use mais os meios de transporte públicos, evitando colocar mais carros nas ruas. Ora, por favor!!! Usar qual transporte público? Hoje o problema é o trânsito, mas se as pessoas decidissem usar os ônibus, trens e metrôs que temos à disposição, então nem consigo imaginar o tamanho da catástrofe. Já não cabe mais gente nesses meios, e a cada semestre a coisa piora. A qualidade dos serviços prestados é precária e o estado de conservação é deplorável!

Mas nós dependemos deles, não é mesmo? Então o jeito é arrumar formas para suportar esse fardo tão pesado. Com tal missão desafiadora ficam dispositivos como MP3, MP4 players e as outras versões que não param mais de surgir. Temos também os celulares, palm tops, cada vez mais repletos de opções em multimídia; sem esquecer dos joguinhos eletrônicos, como os mini-games e tal (eu já nem sei mais os nomes dados aos novos modelos). Esses brinquedinhos, sem querer querendo, nos ajudam a suportar essa verdadeira máquina de fazer louco que é a rotina numa cidade como Sampa.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Trem, um lugar para leitores

Sim, a leitura dentro do trem ocorre de diversas formas. Há o Jornal do Trem, popular, entregue às sextas-feiras em quase todas as estações no período da manhã. Fora esse, os homens lêem muito os jornais de esporte, e sempre com muito interesse. Alguns, em menor número, lêem os jornais mais tradicionais, como Folha e Estadão. Jornais pequenos são lidos também, mas apenas aqueles de distribuição gratuita e entregues ali, nos arredores das estações. Mulheres não lêem jornais. Pelo menos não dentro do trem - e isso até me preocupa um pouco . Elas lêem mais revista - o que, por outro lado, me alegra (embora as leitoras de Veja sejam muitas... éca!). Mas elas lêem livros, muitos livros, e de gêneros mil.

O livro é o meio de leitura predileto de homens e mulheres, jovens, meia-idade e idosos, usuários do trem. Alguns títulos são freqüentes, assim como determinados horários também são mais propícios para os leitores. Mas essa é apenas uma questão ilustrativa, porque há muitos leitores dentro do trem em qualquer horário, principalmente nos de pico. Sentados ou em pé, os leitores estão sempre lá, agarrados aos seus companheiros de papel.

Inquestionavelmente, a campeã em número de leitores de vagão é a escritora de contos mediúnicos Zibia Gasparetto. E não pense que ela é preferida pelas mulheres, não, pois já vi muitos homens mergulhados na literatura espírita dela. Quando vir alguém lendo no trem, corra os olhos até a contra-capa para conferir o que eu digo: na maioria deles você achará a fotinha manjada da Zibia, sorrindo feliz e contente (lóóóóógico). Ela tem mais de 30 títulos publicados, e acho que todos já passearam de trem. Mas confesso que a Zibia já teve mais leitores. Não sei se foi a minha mudança de horário ou se o gosto popular evoluiu, mas alguns outros títulos têm disputado o primeiro lugar com ela há, pelo menos, uns 2 anos. Um deles é a Bíblia.

Quando comecei a escrever, fiquei em dúvida se a Bíblia não ganharia da Zíbia. São muitos os leitores do livro sagrado, compenetrados, estudando os antigos manuscritos. Mas trata-se de uma leitura difícil, cansativa – embora muito interessante -, o que me faz crer que nem todo mundo teria saco para encará-la. Depois da Bíblia, temos títulos mais conhecidos, e aí você entende a lógica do sucesso de vendas de alguns. Dan Brown que o diga!

Já vi todos os do polêmico escritor norte-americano no trem, tendo até descoberto títulos recentes por lá, nessas observações. Autor de O Código Da Vinci (escrito em 2003, leitura constante até hoje nos vagões), e outros sucessos, como Fortaleza Digital (1998), Anjos e Demônios (2000) e Ponto de Impacto (2005), o polêmico Dan Brown deve muito aos passageiros do “piuí”.

O romancista Khaled Hosseini também deveria dedicar algum título a esse público, afinal, os seus Best Sellers O caçador de pipas (2006), e mais recentemente A cidade do sol (2007) também têm andado bastante pelo transporte ferroviário aqui em São Paulo. Isso para citar apenas alguns, os que vejo mais.


Conspiram a favor
Se você pensar bem, faz sentido essa presença constante e tão marcante dos livros entre os usuários do trem. Tudo conspira para isso... uma coisa boa pelo menos!

A CPTM tem uns projetos bem legais ligados à educação e cultura, entre outros. Vamos começar pelo mais óbvio: o Museu da Língua Portuguesa. Inaugurado em 2006, o museu dedicado ao universo lusófono é um projeto inovador e que nos rende ótimos créditos no mundo. Onde ele está? Dentro de uma estação de trem! Ele fica instalado no prédio acima da plataforma de trens da Estação da Luz (que está linda!), no centro de Sampa, por onde passam cerca de 300 mil pessoas por dia. Quer incentivo melhor? Trata-se de um conceito antigo aplicado de uma forma muito moderna, já que sua museografia usa tecnologia de ponta e recursos interativos. É uma opção interessante para descobrir os encantos da nossa língua.

Fora isso, já ouvi falar de diversos projetos junto aos usuários funcionários da Companhia, como o “Clube dos amigos da leitura da CPTM”, na qual a campanha Faça Parte previa incentivo à leitura. Em edições periódicas, a empresa realizou a campanha Livro Livre, que consiste em pedir aos usuários que deixem livros em locais públicos para que outras pessoas tenham acesso e possam compartilhar deles, “tornando a cidade uma grande biblioteca a céu aberto”, conforme divulgado.

Além disso, há a Biblioteca CPTM – Mário Covas, na estação Presidente Altino, que empresta livros aos usuários cadastrados. E, segundo informações da assessoria de imprensa, o passageiro também pode contar com o Espaço Cultural, Mezanino da Estação Brás, onde são apresentados diversos trabalhos culturais e informativos.

E pra finalizar, não posso deixar de citar aqui as máquinas de livros, como aquelas de refrigerante, nas quais podemos comprar obras de gêneros diversos a preços populares – a maioria a R$5,00, encontradas em muitas estações, especialmente nas do Metrô (SALVE O METRÔ, ADORO!). Elas não deixam de ser também um mecanismo de incentivo à leitura de vagão.


Um benefício valioso
Ler é uma coisa boa que a cansativa viagem de trem nos proporciona. Para aproveitar o tempo que se perde ali, parados, sem alternativa, recorremos a meios úteis como a leitura, transformando tempo perdido em tempo aproveitado, no qual aprendemos, mergulhamos, relaxamos. Consideremos também os livrinhos de passa-tempo, que enriquecem o vocabulário e ensinam muita coisa legal, vendidos com caneta e tudo pelos marreteiros. Muita gente é adepta deles.

Acredito que muitas pessoas descobriram os encantos da leitura graças à viagem de trem. Ufa, algo de bom nessa nossa rotina, hein!

Serviço:

Museu da Língua Portuguesa
Aberto de terça a domingo, das 10 às 18h, com ingresso a R$4,00 (estudante paga meia).
Endereço: Praça da Luz, s/nº, Centro – São Paulo.
Fone: (11) 3326 0775
E-mail: museu@museudalinguaportuguesa.com.br

Biblioteca CPTM – Mário Covas
O cadastro é gratuito, você só precisa levar uma cópia de comprovante de endereço recente.

Site da CPTM, para informações sobre os projetos culturais:
www.cptm.sp.gov.br

terça-feira, 13 de maio de 2008

Milho escoltado para dentro do trem

Quase sempre a espera nas estações da linha Esmeralda (Osasco à Grajaú) e as condições de embarque e permanência nos trens nos dão vontade de chorar, chorar muito! Mas nem sempre é assim. Dependendo do seu humor, as adversidades causadas pelos desaforos da CPTM também nos fazem rir.

Bem, já ouvi que rir demais é desespero, e nesse caso pode até ser, mas na sexta-feira passada ajudou a relaxar.

Eu já estava há um bom tempo na estação Villa Lobos – Jaguaré à espera de um espaço em algum daqueles trens. Nada! Sentei e fiquei, afinal, era sexta-feira mesmo... logo tive uma ótima surpresa: encontrei a Silvia, conhecida dos tempos da faculdade, de longos papos no ônibus e na calçada da faculdade. Logo que nos vimos, já emendamos no conversê.

Relembramos muitas coisas dos dias de universitária, mas falamos, principalmente, da CPTM. Desculpe, mas não há como evitar. Estando em uma das piores linhas dessa empresa, dependendo dela pra chegar em casa, estação lotada e vendo vários trens passarem sem conseguirmos entrar, não podíamos mesmo falar sobre outra coisa.

A Silvia, assim como eu, também manda vários e-mails para a CPTM reclamando desse trem. Ela me disse que manda quase todos os dias, e recebe sempre a mesma resposta automática. Dei muitas risadas com ela. “Acho”, disse ela, “que os funcionários da CPTM que respondem a esses e-mails, dão muita risada da cara da gente. Cada vez que chega um e-mail, eles devem rir e dizer um para o outro: ‘olha essa aqui, escreveu isso e isso... ahahahahaha’”, me disse a Silvia.

Comecei a contar para ela as coisas que observo enquanto estou ali na estação esperando por um vagão com espaço. Choramos de rir literalmente, enquanto deixávamos passar vários trens entupidos de gente, afinal, como dizia repetidamente a voz no auto-falante, “por motivos de avaria em material rodante, os trens estavam circulando com velocidade reduzida”. Contei as situações hilárias que presencio de pessoas que fazem de tudo para entrar no vagão. Mas nem precisava contar, testemunhamos mais uma ali mesmo.

Ao nosso lado no banco havia um senhor um saco grande cheio de espigas de milho, bem verdinhas. Cada trem que chegava, o homem levantava e ia até porta, na ilusão de conseguir entrar, ele e seu saco de milhos. Nada! Sem conseguir, voltava ele para o banco ao nosso lado. Depois de uns tantos trens, e a mesma quantia de tentativas vãs dele em ir embora, a situação começou a ficar cômica. A Silvia disse: “esse milho ainda vai com a gente”. Outro trem, nova tentativa, e volta o homem do milho para o banco.

Quando os intervalos entre um trem e outro finalmente diminuíram, parou um e nós sentimos esperança em ir pra casa. O guarda da estação veio correndo e, preocupado, escoltou o milho lá pra dentro – e nós também! “Vamos ver se esse milho consegue entrar agora pessoal?”, dizia ele segurando a porta. Depois dessa, não teve como, o homem do milho entrou, depois minha amiga e depois eu, unidos como estava escrito que ia ser. O homem percebeu, é claro, que ríamos compulsivamente e mencionávamos que, naquele calor humano, o milho poderia virar pipoca ou cozinhar. Depois, sentimos medo da estação Ceasa, onde todo tipo de vegetal entra no trem, mas aquele era mesmo o dia do milho – o único vegetal daquele vagão.

Foi uma longa espera, mas o riso contou a nosso favor. Conseguimos fazer piada da nossa desgraça, como boas brasileiras que somos. Valeu a pena, pois na sexta-feira eu sou outra pessoa.

Urso de pelúcia também usa os trens

Pena não ter filmado. Foi realmente engraçado!

Eu estava na sempre péssima estação Villa Lobos – Jaguaré, aguardando, aguardando e aguardando um trem onde eu coubesse, quando vi chegar o indivíduo. Ele trazia nas costas um urso de pelúcia gigante, desses que iludem criancinhas e as fazem pagar rifas inteiras (eu sei, eu vivia me ferrando nessa). Junto com ele, chegou um trem muito, muito lotado.

O trem parou e, como não conseguia fechar as portas, demorou um tempo na estação. O homem e seu ursão foram passando e observando alguma remota possibilidade de embarque. Ele passou por uma porta e nada. Passou pela outra, nada. Passou pela outra... nada. Ele passava, olhava e fazia uma cara de “não vai dar”.

Eu, sentada no banco ao lado de mais dois homens e outras poucas pessoas ali por perto observávamos atentamente. Mão no queixo, olhos da esquerda para a direita, conforme os passos que carregavam o urso. Nossos pensamentos deviam ser idênticos: “ai ai ai...”. Naquele momento, tudo ficou em silêncio e as atenções estavam todas voltadas ao homem – ou ao urso, mais provavelmente. Até que o homem parou diante de uma porta tomada por corpos e observou analisou.

Muito engraçado a cara do pessoal! As pessoas empaçocadas dentro do vagão olhavam com cara de súplica pra ele, meio que dizendo “não, por favor, não entre”. O homem, por sua vez, fez a cara de “não vai dar” e virou-se levemente para olado, meio que desistindo.

Ilusão! De um pulo só, ele se encaixou em um vãozinho lá dentro, se ajeitou, tudo muito rápido. Foi só risada! Eu, os homens no banco e o pessoal de dentro e fora do trem, não conseguimos resistir. Trágico, mas cômico! E mais engraçado ainda ficou depois, quando chegou a vez de o uso entrar. As pessoas que antes carregavam cara de súplica, naquela hora já haviam se conformado, riam, afinal, o homem ia mesmo com eles, e o urso também. Acabaram ajudando a puxar o urso enorme pra dentro do vagão, que, ao fechar as portas, desceu do teto e ficou prensado no vidro, nos dando tchau.

Foi embora... e nós ali, rindo da tragédia humana.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Rostos



(para aliviar um pouco a hostilidade que a CPTM nos causa)

Rostos


Para dentro do que olham esses rostos?

No que pensam esses olhares perdidos?

A mistura de feições dentro de um vagão de trem me leva a uma viagem por aquelas marcas de expressão. Percorro rugas, sinais de cansaço e até mesmo o liso das peles mais joviais. Sorrisos contidos, sorrisos declarados, sorrisos escondidos, sorrisos sufocados, sorrisos perdidos, sorrisos soltos, sorrisos...

Escondidas mesmo estão as lágrimas que devem rolar em cada uma dessas histórias, libertas em casa, no quarto, ou nem mesmo lá, só na alma. Fora essas gotas de sentimento, quantas coisas mais há dentro desse universo que habita em casa/corpo!

Reparo na distância de pensamento que paira sobre cada um daqueles rostos depois de um certo tempo de viagem. As horas do dia que se acabou ainda estão lá, a rotina, o estar acostumado tomam conta dos semblantes, geralmente nesse mesmo horário, todos os dias.

Uns dormem, realmente se entregam aos encantos de Morpheu. Outros fingem. Outros apenas meditam, pensam, pensam, vão para longe, enquanto uns outros deixam claro que estão tentando esquecer. Nesse momento de observação, parece que a viagem acontece em câmera lenta. Lenta como as piscadelas, os bocejos e o ânimo de cada um.

Como terá sido o dia deles? Como será o chegar em casa para aqueles olhos negros, aquelas mãos calejadas, aqueles pés ao relento, aqueles cabelos encaracolados, aqueles olhos cerrados? Como será que eles vêem o dia de amanhã?

São cheias de beleza essas janelas de pele e poros – quanta história aberta e quantas que nunca serão sequer descobertas, contidas em um mesmo ser! Olhos de maldade, de malícia, de bondade, de sorriso, de vazio, de intensidade se misturam, indo e vindo, no mesmo balanço de trem.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

As respostas da CPTM

Querido leitor, acompanhe o desfecho da minha comunicação com a CPTM sobre o caos dos trens, especialmente o Jurubatuba, nos horários de pico. Ria junto comigo.

Colei aqui todos os e-mails na íntegra. Leia:


De: Aliz Castro Lambiazzi [mailto:jornalizta@gmail.com]
Enviada: qui 24/4/2008 00:17
Para:
OUVIDORIA
Assunto: Perguntas importantes

Cara CPTM,

estou escrevendo porque, realmente, preciso de respostas plausíveis para o que passo e vejo como usuária de seus trens.

1) Por que o trenzinho da linha Jurubatuba, tanto ida quanto volta, sempre dá problemas e atrasa?
2) Como pode uma linha tão utilizada como essa, apresentar falhas como atraso, interrupção e "velocidade reduzida" TODOS OS DIAS, especialmente no final do dia, depois das 18 horas?
3) Agora, a pergunta que não quer mesmo calar: POR QUE NÃO COLOCAM MAIS VAGÕES NESSA LINHA INSUPORTAVELMENTE LOTADA???

Se vocês puderem me responder, ficarei grata, porque os usuários dos trens estão ficando cada vez mais revoltados e decepcionados com o serviço prestado pela CPTM. Será que vocês têm noção do quanto é desumano, humilhante, imoral o transporte que nos oferecem? Acho que não, pois se tivessem, trabalhariam para corrigir os erros que só aumentam e prejudicam os usuários, que pagam caro por um transporte falho, ruim, inseguro, desconfortável, desorganizado e humilhante como esse!

Todas as linhas da CPTM são péssimas, mas a pior, para mim, é a 9 - Esmeralda (que nem merece esse nome), com destino a Jurubatuba. Do que adianta ter trens com ar condicionado e som, se dentro dele os trabalhadores viajam da forma mais desumana possível? Superlotado, esse trem sem janelas não permite que o ar circule, fazendo as pessoas passarem mal. A velocidade está sempre comprometida, e de uma estação à outra parece uma viagem interminável. A condição a que temos de nos submeter para poder entrar no trem é humilhante! Isso quando é possível entrar no trem, pois fica-se longo tempo na estação à espera de um trem onde "caiba mais um" pelo menos.

Vocês não acham que já passou da hora de solucionar essas deficiências?
Essa porcaria só tem 4 vagões, um dos motivos que explica a incapacidade de atender a todos. Os intervalos dos trens, embora sejam curtos na teoria, nunca funcionam, pois esse trem vive atrasado e alegando "avarias em material rodante". Já perdi a conta de quantos Reais já tive descontado no meu salário por chegar atrasada ao trabalho. Eu deveria pedir reembolso a vocês, os culpados!
O mínimo que vocês deveriam fazer é aumentar o número de vagões e cumprir com a obrigação de oferecer um transporte público digno - que, aliás, custa bem caro se comparado à sua eficiência.

Será que vocês podem me dar respostas?
Aliz


De: OUVIDORIA
Enviada em: quinta-feira, 24 de abril de 2008 13:21
Para: Aliz Castro Lambiazzi
Cc:
ATENDIMENTO AO USUÁRIO
Assunto: RES: Perguntas importantes

Sra. Aliz

Fazemos referência à manifestação de 24.04.08, sobre a prestação do serviço de transporte na Linha 9 , para comunicar que a resposta às questões que foram enunciadas será encaminhada por intermédio do Serviço de Atendimento ao Usuário da CPTM.

Ao agradecermos a iniciativa de nos ter externado sua opinião, cujo registro efetuamos, permanecemos também à sua disposição através do tel. 2942.1111, inclusive quanto a resposta recebida, se necessário for algum esclarecimento e/ou ponderação adicionais.

Atenciosamente

Claudio F. Schurgelies

Ouvidor


Linha 9 - aumento de carros


ATENDIMENTO AO USUÁRIO para mim, OUVIDORIA
(16:19)

Acusamos o recebimento de sua mensagem encaminhada através da Ouvidoria e informamos que a CPTM trabalha com o máximo da sua frota operacional e a ampliação do número de carros nas composições que circulam na Linha 9, no momento, não é possível. Informamos também que CPTM já recebeu a primeira das 12 novas composições que serão incorporadas ao longo desse ano, objetivando entre outros aspectos, ampliar a oferta de lugares.

Aproveitamos para informar que as equipes de controle operacional estão implementando estratégia que permitirá, principalmente, no horário de pico, ampliar a oferta de lugares no sentido com maior demanda de passageiros, realizando viagens intermediárias no trecho entre Santo Amaro e Pinheiros.

Informamos também que a CPTM está adotando medidas corretivas visando solucionar os problemas no sistema de ar condicionado de seus trens.

Atenciosamente

Atendimento ao Usuário

Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM


A pergunta que não quer calar:

Por que a CPTM não aumenta o número de vagões da linha C – Jurubatuba?

É essa a resposta que estou tentando obter dela, a CPTM, e da Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo.

Os problemas com essa linha têm aumentado e deixado os passageiros cada vez mais revoltados. É infernal depender desse trem – aliás, do transporte público em geral.

Se eu conseguir as respostas que busco, mostro tudo aqui no Blog, tá?

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Pregação aos pregados


É proibido pregar a palavra no trem. Também é proibido vender, pedir e fumar, e da mesma forma que essas regras são quebradas por muitos, a pregação religiosa também corre solta trilho vai, trilho vem.

Não estou querendo entrar em uma discussão religiosa. Não que eu ache que esse assunto, assim como política e futebol, não se discute, porque isso é desculpa de medroso. O caso aqui é a falta de respeito em nome de Deus.

Sou uma pessoa de fé, acredito em Deus e na força que ele representa, e acredito em muitas outras coisas que não podemos ver, mas aqui dentro de mim, e basta. Não acredito em religiões e tampouco em pessoas que se dizem porta-vozes da verdade, da razão e da decência. Eu acredito em princípios, em valores humanos, na autonomia e na liberdade, sobretudo. Eu acredito e adoro o livre arbítrio. Vejo com péssimos olhos as pessoas que invadem os vagões, seja em qual horário for, para gritar aos passageiros, sem o consentimento deles, o que é certo e o que é errado em uma concepção que é só deles. A minha realidade e a minha forma de ver e entender o mundo são as únicas que podem me guiar nas verdades e mentiras desse aprendizado que é nascer, viver e morrer.

Geralmente acontece no fim do dia, naquele horário certeiro em que a maioria sai do trabalho e está louco para chegar em casa. No vagão sempre lotado, desconfortável e, quando não atrasado, berrando em nome de Deus, se intitulando enviado por ele para ensinar aos “irmãos” tudo que ele aprendeu e que nós, almas perdidas e destinadas ao inferno, não “sabemos”.

Me revolta a falta de respeito que esses pregadores sem noção têm com todos nós, trabalhadores exaustos e livres. Porque ele pode entrar e gritar por dezenas de minutos em nossos ouvidos, nos julgando, apontando o dedo na nossa cara? Ora, se ele quer ter o direito de falar pra todo mundo, deveria respeitar o direito que todos nós temos de não querer ouvir. Eles gritam e se inflamam no meio do vagão, vão e voltam, de uma extremidade à outra, encenam, choram, riem, cantam... e a gente lá, com vontade de esganar o sujeito, mas tendo que ouvir quieto, senão é capaz de ser confundido com algum ateu, herege ou sei lá o que – como se isso fosse pecado também, né.

Alguns, pelo menos, falam durante uma ou duas estações, no máximo três, e depois vão atormentar outros passageiros, mas há uns pastores ou pseudo-pastores que vêm gritando e se enaltecendo da estação Barra Funda até Itapevi! Ah... isso é demais!!!

Todo mundo pregado, louco pra chegar em casa, com fome, com tudo, e tendo que ouvir sermão de uma crença que nem é a de todos os presentes? Pôxa vida, se eu me identificasse com essa filosofia, iria até ela, mas não, eles querem forçar todo mundo a acreditar no que eles dizem e também se esforçam para fazer com que nos sintamos os maiores pecadores imundos do universo. Sai pra lá!

Muitas pessoas se acumulam dentro de cada vagão, e cada uma delas têm uma crença, segue uma bíblia diferente. Há, também, os que não acreditam em nada, e daí? Porque nós temos que respeitar a crença dos evangélicos e eles não têm que respeitar a nossa? Essa é primeira denúncia de tanta incoerência nesse discurso irritante.

Quando entra um vendedor, mesmo sendo proibido, você tem a escolha de comprar ou não. A mesma coisa é com os pedintes: dá esmola se quiser. Todos irritam, principalmente quando o trem está lotado (como sempre) e você ainda tem que ficar se dobrando pra dar espaço aos vendedores, seus isopores, pedintes, suas bengalas e por aí vai. Mas me irrita mesmo a falta de consideração religiosa que teima em invadir o trem, invadir a ideologia de cada um e o Deus que governa cada uma daquelas vidas. Na verdade, acho que me ofende ver alguém usando o MEU Deus dessa forma. Ninguém é obrigado a viajar cansado, pregado mesmo, com uma matraca histérica e fanática que não respeita aqueles a quem chama de irmãos. Eu quero que a minha crença e o meu espaço sejam respeitados, só isso!

E olha que eu não citei os cantores e suas violas toscas, hein. Essa eu vou deixar para a próxima.

terça-feira, 25 de março de 2008

Panes nos trilhos


O Terra noticiou hoje (25/03/08):

Pane em porta de metrô provoca lentidão em SP

Do Portal Terra

http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2706443-EI8139,00-Pane+em+porta+de+trem+provoca+lentidao+em+SP.html

Um problema na porta de um trem do Metrô, na manhã de hoje, causou lentidão nas linhas que passam pela Estação da Sé, em São Paulo. Segundo a assessoria do Metrô, uma das portas do trem da linha Norte-Sul do Metrô (Tucuruvi-Jabaquara) abriu e não fechou. A composição teve de ficar 11 minutos parada.


Segundo o Metrô, os problemas começaram às 6h12, na Estação da Sé, sentido Jabaquara. Às 6h23 o trem voltou a operar. Os passageiros do vagão que apresentou o problema foram transferidos para outros vagões do trem, que seguiu viagem.

Agora os grifos meus

Quando eu trabalhava no Brás, sempre acontecia, naquela hora da madrugada, algum problema na Estação da Sé. É interessante... o movimento lá é muito grande, e com o metrô emperrado, imagina só!


Os trens de cima chegam a todo minuto, despejando gente que não acaba mais. Na plataforma do Jabaquara, sempre carregada, vai acumulando gente, acumulando, acumulando. Quando não cabe mais, elas vão se amontoando nas escadas rolantes, até em cima. É impressionante a situação! Seria uma cena cômica se não fosse um tanto trágica. Mas até a isso a gente se acostuma.


Se fosse no trenzão...

Nem teria virado notícia, afinal, isso acontece todos os dias. As vezes por pane, sim, mas na maioria, por excesso de gente. É um ciclo bem simples:


Surge a idéia de que sempre cabe mais um / muitas pessoas pensam igual / todas elas se empaçocam na porta / corpos, bolsas, mochilas, sacolinhas, livros, MP3 e outros objetos se encaixam na falta de espaço / As portas não conseguem fechar / trem não anda de portas abertas / maquinista avisa que o trem não parte de portas abertas / mais nervoso, maquinista pede colaboração para evitar atrasos / abre a porta mais uma vez / fecha a porta / sempre tem uma mochila prensada no meio da porta / maquinista abre e fecha a porta com bastante violência / acho que agora fechou / ninguém pode respirar / espirrar ou se coçar então, nem pensar! / pode estar bem frio lá fora, mas o calor domina os vagões / todo mundo está suado e dolorido / todo mundo chega atrasado e de mau humor.

Pior quando é pane mesmo, naquelas portas emperradas, e o maquinista já pensa que tem alguém segurando a porta e sai xingando: “Por favor não segure as portas, evite atrasos...”. Sem conseguir fechar, volta a voz misteriosa e chiada do trem, em tom mais alto: “O TREM NÃO PARTE DE PORTAS ABERTAS. EU VOU SOLICITAR AQUI A PRESENÇA DE UM DOS SEGURANÇAS, POR FAVOR!!!”. Nisso, os passageiros já estão lá, tentando resolver o problema da porta causadora de discórdia.

domingo, 23 de março de 2008

Um trem de legumes, verduras, vegetais


Uma senhora, duas mulheres de meia idade (acredito que tinham menos idade do que aparentavam) e dois rapazes. Trazidos por eles, quatro carrinhos desses de feira (um era daqueles de carregar caixas) e umas tantas (mas tantas mesmo, talvez umas doze) sacolas e sacos carregados ao máximo de legumes, vegetais e verduras. Sacos de batata, daqueles grandes; sacolas demais (fora os carrinhos entopetados) para as 10 mãos disponíveis para carregar tudo aquilo.

Tudo e todos vieram de trem, subindo na estação Ceasa, bem no horário de pico – a hora em que o povo sai do trabalho. Pelo horário, aqueles legumes todos só podiam ser refugo do Ceasa

Eles fizeram assim: o moço mais novo se encaixava na porta, enquanto os demais corriam pra colocar todos os sacos, sacolas e carrinhos dentro do trem. Quando a porta fechava, o moço segurava um lado com os pés e o outro com as mãos, atravessado na porta, enquanto as mulheres e o outro moço passavam de lá pra cá, colocando tudo dentro do trem na maior afobação.

O trem lotado resmungava algo do tipo: “meu Deus, o que é isso?”. Mesmo assim, passageiros generosos saíram correndo à cata de sacolas ainda na plataforma, e não sei como, coube tudo entre todo mundo. Mas é fato: a bagagem incomum lotou uma ala inteira daquele trem já lotado.

Foi uma viagem intrigante. Aquelas cinco pessoas conversadeiras, observadas atentamente, pegaram dois trens em seus piores horários, subiram e desceram morros e muitas escadarias, e a aventura sequer tinha terminado. Dava um misto de preguiça e desespero olhar aquilo tudo e o que faltava para chegarem no destino final. Eles comentavam entre si: “eu quero ver é pra subir o morro lá de casa!”, mas davam graças a Deus por já terem cumprido boa parte do trajeto (e, por quê não, da missão?).

Viajamos com o cheiro de cebolas infestando o vagão, e só depois fui entender a ardência repentina nos olhos.

Eles desceram na última estação (Itapevi), onde há dois lances de escadas para subir , uma plataforma bem longa pra percorrer e três lances grandes de escadas para descer.

Não fiquei pra ver, não podia. Mas deu vontade de chorar... Deve ter sido a cebola.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

"Trem Fashion"... essa é boa!


E não é que o Trenzão nosso de cada dia ficou fashion mesmo, plena Estação Julio prestes, em São Paulo?

A grife Ellus, no lançamento de sua mais nova marca, a 2nd Floor, trouxe todas as características urbanas do trem paulista, mais precisamente da linha B, misturadas com o glamour e ostentação do SP Fashion Week, em seu penúltimo dia de desfile.

De acordo com a Assessoria de Imprensa da CPTM, “Um dos trens da CPTM, com cerca de 100 modelos, surpreendeu os cerca de 1.500 convidados, ao chegar buzinando, envolto em fumaça e luz vermelha. De dentro dele, saltaram os modelos”. Dá pra imaginar?

A diretora de criação das marcas mencionadas, Adriana Bozon, justificou a escolha pela Estação Julio Prestes, que, segundo ela, “além da arquitetura marcante, ela [a estação]combina com o lado urbano da coleção da Ellus e com a inspiração da coleção da 2nd Floor, que homenageia a cidade de S. Paulo", declarou à CPTM.

Deve combinar mesmo, pois, de acordo com o divulgado, as roupas usadas faziam menção ao universo punk, com predominâncias na cor preta, coturnos, detalhes de metais e essas coisas que a galera punk gosta.

Famosos como a atriz Mel Lisboa, o ator Erik Marmo e o cantor Supla estavam por lá.

Clique na foto, que eu copiei do site da CPTM (desculpa) para conferir os detalhes.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Chuva de granizo? Metralhadora?


Andar de trem é mesmo uma grande aventura. As vezes é bem divertido, digamos, interessante. Você se confronta com culturas tão diferentes, com situações realmente imprevisíveis. Pena que o lado bizarro do trem não fique só nisso, pois o lado ruim é, algumas vezes, bem dolorido e perigoso.

Estava voltando para a minha casa, ouvindo música e viajando com meus pensamentos quando fui “acordada” com muita violência e a maior sensação de impotência do mundo! Uma pedra, dessas grandes de linha mesmo, entrou com tudo pela janela do trem e atingiu a minha perna direita. E ainda bem que foi na perna. Embora tenha sido bem dolorido e me deixado o final de semana todo com dor na perna e um roxo gigantesco, denunciando o ocorrido, uma pedrada daquela, com a força que vem de fora para dentro do vagão, se pegasse na cabeça de alguém, com certeza faria um estrago ainda maior. Imagino, inclusive, se pegasse uma pessoa idosa ou uma criança... não é bom nem de pensar.

Na verdade a pedra passou perto de atingir alguém mais frágil e em posição ainda mais vulnerável. Sentada na janela por onde a pedra entrou havia uma adolescente com Síndrome de Down. Foi um susto geral. A pedra, que só pode ter sido atirada com um estilingue, tamanha a força com que atinge, bateu em minha perna e voou para o outro lado do vagão, fazendo um barulho que agitou aquela viagem de trem.

O que se pensa depois de um episódio desses? Sei lá... eu levei a pedrada, senti a dor e fiquei ali, sem poder fazer nada. Eu estava presa dentro de um trem e nem fazia idéia de quem foi o atirador de pedras malvado. É uma situação realmente injusta, pois nem xingar adianta. Vai xingar quem??? Foi a mesma sensação de quando eu levei uma bela cuspida, que – ainda bem – pegou no meu braço, vinda de algum infeliz da estação, bem na hora em que o trem fechou as portas e já estava em movimento. Não vi mais nada...

Depois, eu fiquei pensando na pessoa, aliás, nas pessoas que ficam escondidas naqueles morros que beiram a linha, esperando o trem passar para atirar uma pedra. Veja bem: esse ser, que não pode ser chamado de ser humano, racional, gente, já deve ter nascido e destinado a ser isso, um coitado sem cérebro, sem nada na vida. Ele nasceu fadado a viver sem inteligência e sem escrúpulos, pois, gente ruim é assim. Isso é coisa de pessoas que já nascem estragadas. Imagine só você sentir prazer em fazer algo que pode machucar seriamente alguém (o que, nesse dia, graças a Deus não aconteceu), mas que, no entanto, você nem irá ver. Esse tipo de gente sente prazer em imaginar o estrago que possa ter feito, e fica se divertindo com isso. É falta de consciência, responsabilidade, respeito, compaixão. É falta de tudo que, bem ou mal, mantém a vida organizada em sociedade. E a sociedade, infelizmente, é obrigada a abrigar também, junto com pessoas descentes e honradas, seres inferiores.

No outro dia, o trem chegava à estação de Carapicuíba quando foi alvejado por pedras. Foram várias ao mesmo tempo, o que nos pareceu tiros de metralhadora. Todo mundo, no susto, abaixou a cabeça cobrindo-a com as mãos. Depois vimos imensas pedras dentro do vagão, denunciando o ataque insano e sem objetivo algum que não fosse, apenas, machucar.

Coitados! Eles merecem o submundo...