sexta-feira, 25 de maio de 2007

Ambiente Romântico


Desculpe, eu não resisti...rsrsrs. Quem conhece sabe que é a mais pura verdade!


Romântica!!!

O momento em que estamos juntos é interminável...
Nossos corpos estão tão unidos que posso sentir as batidas do seu coração.

Nossa respiração confunde-se com a do outro...

Nossos movimentos são sincronizados...

Indo e voltando...

Para frente e para trás...

Às vezes pára, e então, quando nos cansamos da mesma posição, nos esforçamos para mudar, mesmo que seja só por pouco tempo.

O suor de nossos corpos começa a fluir sem nada que possamos fazer. Um calor enorme parece que nos fará desmaiar...

Uma força ainda maior nos faz ficar ainda mais colados um ao outro e, quando não agüentamos mais segurar...

Uma voz ecoa em nossos ouvidos:
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" Estação Sé, desembarque pelo lado esquerdo do trem".

(Desconheço autoria)

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O lugar mais cobiçado


A partir do momento em que entram no trem e se acomodam, todas as pessoas tornam-se displicentes. Todas entregam os pensamentos ao acaso, cada qual com sua direção particular, íntima, passam a divagar, pensamentos soltos em algum lugar, apenas com o corpo avolumado em algum dos cantos dos vagões. E no pouco espaço de sempre, os passageiros inventam o seu canto na medida do que é possível, encontram um local para recostar a cabeça e poder soltar a mente.

Quem senta tem o privilégio de não precisar se encaixar em cantos, apenas adaptar as pernas dobradas em meio às pernas esticadas daqueles que vão em pé, apoiados uns nos outros e nos ferros de segurança. Mas todos, sem exceção, nem mesmo os acompanhados, escapam desse feitiço de trem que leva todos a perderem-se dentro de si mesmos, imersos em seus pensamentos. O rumo não, este não se perde, mesmo quando o retorno é brusco, já parado na estação, sempre dá tempo de descer e voltar à rotina das idéias externas, comuns demais.

Felizes são os que conseguem o predileto e sagrado lugar da janela, o mais cobiçado. Mas esses são poucos e para poucos. Só quem chega primeiro ao trem tem a sorte de sentar-se à beira da paisagem, seja ela feia ou bonita. E isso realmente não importa. Os primeiros lugares a serem ocupados são esses, do canto, que oferecem a quem ali se senta a sensação de estar um pouco mais distante dos demais, um pouco mais reservado, um pouco mais sozinho. O passageiro e a janela. O ar que vem lá de fora, o céu sempre disponível, o infinito. A paisagem que acompanha a viagem parece bem mais amiga daqueles que se sentam na janela, mais próxima, tão maior e sugestiva.

E perdido em devaneios fica até mais fácil reparar certos elementos que passam despercebidos na maior parte do tempo em que se está atento. O desenho das nuvens, as cores que se misturam no céu nos finais de tarde, a variação do verde plantado atrás dos muros, a sonolência das cidades e as luzes de fim de dia que brilham na volta para casa. E tudo isso colabora para a viagem interior que acontece nos trens enquanto se aguarda o destino final. Seja para começar ou terminar o dia, é sob esse efeito que os passageiros de trem vão, mesmo quando lêem, mesmo quando dormem, mesmo quando conversam. É sagrado o momento de distração que faz com que todos fiquem com os olhares perdidos, mergulhados em algo que apenas cada um sabe o que é, porquê e como.

Parece que todos os sentidos se desligam, não há barulho, não há odores, não há visão, nada. Nem a disposição ou a preguiça da manhã, muito menos o cansaço da noite, exercem um poder tão profundo nos usuários do trem quanto esse ar oculto que envolve as pessoas lá dentro e é ainda mais intenso perto da janela. Ela é o alento, o cenário, a escapatória para quem ainda tem de esperar pelo destino, mas voa longe, longe, janela afora.