quinta-feira, 24 de abril de 2008

As respostas da CPTM

Querido leitor, acompanhe o desfecho da minha comunicação com a CPTM sobre o caos dos trens, especialmente o Jurubatuba, nos horários de pico. Ria junto comigo.

Colei aqui todos os e-mails na íntegra. Leia:


De: Aliz Castro Lambiazzi [mailto:jornalizta@gmail.com]
Enviada: qui 24/4/2008 00:17
Para:
OUVIDORIA
Assunto: Perguntas importantes

Cara CPTM,

estou escrevendo porque, realmente, preciso de respostas plausíveis para o que passo e vejo como usuária de seus trens.

1) Por que o trenzinho da linha Jurubatuba, tanto ida quanto volta, sempre dá problemas e atrasa?
2) Como pode uma linha tão utilizada como essa, apresentar falhas como atraso, interrupção e "velocidade reduzida" TODOS OS DIAS, especialmente no final do dia, depois das 18 horas?
3) Agora, a pergunta que não quer mesmo calar: POR QUE NÃO COLOCAM MAIS VAGÕES NESSA LINHA INSUPORTAVELMENTE LOTADA???

Se vocês puderem me responder, ficarei grata, porque os usuários dos trens estão ficando cada vez mais revoltados e decepcionados com o serviço prestado pela CPTM. Será que vocês têm noção do quanto é desumano, humilhante, imoral o transporte que nos oferecem? Acho que não, pois se tivessem, trabalhariam para corrigir os erros que só aumentam e prejudicam os usuários, que pagam caro por um transporte falho, ruim, inseguro, desconfortável, desorganizado e humilhante como esse!

Todas as linhas da CPTM são péssimas, mas a pior, para mim, é a 9 - Esmeralda (que nem merece esse nome), com destino a Jurubatuba. Do que adianta ter trens com ar condicionado e som, se dentro dele os trabalhadores viajam da forma mais desumana possível? Superlotado, esse trem sem janelas não permite que o ar circule, fazendo as pessoas passarem mal. A velocidade está sempre comprometida, e de uma estação à outra parece uma viagem interminável. A condição a que temos de nos submeter para poder entrar no trem é humilhante! Isso quando é possível entrar no trem, pois fica-se longo tempo na estação à espera de um trem onde "caiba mais um" pelo menos.

Vocês não acham que já passou da hora de solucionar essas deficiências?
Essa porcaria só tem 4 vagões, um dos motivos que explica a incapacidade de atender a todos. Os intervalos dos trens, embora sejam curtos na teoria, nunca funcionam, pois esse trem vive atrasado e alegando "avarias em material rodante". Já perdi a conta de quantos Reais já tive descontado no meu salário por chegar atrasada ao trabalho. Eu deveria pedir reembolso a vocês, os culpados!
O mínimo que vocês deveriam fazer é aumentar o número de vagões e cumprir com a obrigação de oferecer um transporte público digno - que, aliás, custa bem caro se comparado à sua eficiência.

Será que vocês podem me dar respostas?
Aliz


De: OUVIDORIA
Enviada em: quinta-feira, 24 de abril de 2008 13:21
Para: Aliz Castro Lambiazzi
Cc:
ATENDIMENTO AO USUÁRIO
Assunto: RES: Perguntas importantes

Sra. Aliz

Fazemos referência à manifestação de 24.04.08, sobre a prestação do serviço de transporte na Linha 9 , para comunicar que a resposta às questões que foram enunciadas será encaminhada por intermédio do Serviço de Atendimento ao Usuário da CPTM.

Ao agradecermos a iniciativa de nos ter externado sua opinião, cujo registro efetuamos, permanecemos também à sua disposição através do tel. 2942.1111, inclusive quanto a resposta recebida, se necessário for algum esclarecimento e/ou ponderação adicionais.

Atenciosamente

Claudio F. Schurgelies

Ouvidor


Linha 9 - aumento de carros


ATENDIMENTO AO USUÁRIO para mim, OUVIDORIA
(16:19)

Acusamos o recebimento de sua mensagem encaminhada através da Ouvidoria e informamos que a CPTM trabalha com o máximo da sua frota operacional e a ampliação do número de carros nas composições que circulam na Linha 9, no momento, não é possível. Informamos também que CPTM já recebeu a primeira das 12 novas composições que serão incorporadas ao longo desse ano, objetivando entre outros aspectos, ampliar a oferta de lugares.

Aproveitamos para informar que as equipes de controle operacional estão implementando estratégia que permitirá, principalmente, no horário de pico, ampliar a oferta de lugares no sentido com maior demanda de passageiros, realizando viagens intermediárias no trecho entre Santo Amaro e Pinheiros.

Informamos também que a CPTM está adotando medidas corretivas visando solucionar os problemas no sistema de ar condicionado de seus trens.

Atenciosamente

Atendimento ao Usuário

Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM


A pergunta que não quer calar:

Por que a CPTM não aumenta o número de vagões da linha C – Jurubatuba?

É essa a resposta que estou tentando obter dela, a CPTM, e da Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo.

Os problemas com essa linha têm aumentado e deixado os passageiros cada vez mais revoltados. É infernal depender desse trem – aliás, do transporte público em geral.

Se eu conseguir as respostas que busco, mostro tudo aqui no Blog, tá?

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Pregação aos pregados


É proibido pregar a palavra no trem. Também é proibido vender, pedir e fumar, e da mesma forma que essas regras são quebradas por muitos, a pregação religiosa também corre solta trilho vai, trilho vem.

Não estou querendo entrar em uma discussão religiosa. Não que eu ache que esse assunto, assim como política e futebol, não se discute, porque isso é desculpa de medroso. O caso aqui é a falta de respeito em nome de Deus.

Sou uma pessoa de fé, acredito em Deus e na força que ele representa, e acredito em muitas outras coisas que não podemos ver, mas aqui dentro de mim, e basta. Não acredito em religiões e tampouco em pessoas que se dizem porta-vozes da verdade, da razão e da decência. Eu acredito em princípios, em valores humanos, na autonomia e na liberdade, sobretudo. Eu acredito e adoro o livre arbítrio. Vejo com péssimos olhos as pessoas que invadem os vagões, seja em qual horário for, para gritar aos passageiros, sem o consentimento deles, o que é certo e o que é errado em uma concepção que é só deles. A minha realidade e a minha forma de ver e entender o mundo são as únicas que podem me guiar nas verdades e mentiras desse aprendizado que é nascer, viver e morrer.

Geralmente acontece no fim do dia, naquele horário certeiro em que a maioria sai do trabalho e está louco para chegar em casa. No vagão sempre lotado, desconfortável e, quando não atrasado, berrando em nome de Deus, se intitulando enviado por ele para ensinar aos “irmãos” tudo que ele aprendeu e que nós, almas perdidas e destinadas ao inferno, não “sabemos”.

Me revolta a falta de respeito que esses pregadores sem noção têm com todos nós, trabalhadores exaustos e livres. Porque ele pode entrar e gritar por dezenas de minutos em nossos ouvidos, nos julgando, apontando o dedo na nossa cara? Ora, se ele quer ter o direito de falar pra todo mundo, deveria respeitar o direito que todos nós temos de não querer ouvir. Eles gritam e se inflamam no meio do vagão, vão e voltam, de uma extremidade à outra, encenam, choram, riem, cantam... e a gente lá, com vontade de esganar o sujeito, mas tendo que ouvir quieto, senão é capaz de ser confundido com algum ateu, herege ou sei lá o que – como se isso fosse pecado também, né.

Alguns, pelo menos, falam durante uma ou duas estações, no máximo três, e depois vão atormentar outros passageiros, mas há uns pastores ou pseudo-pastores que vêm gritando e se enaltecendo da estação Barra Funda até Itapevi! Ah... isso é demais!!!

Todo mundo pregado, louco pra chegar em casa, com fome, com tudo, e tendo que ouvir sermão de uma crença que nem é a de todos os presentes? Pôxa vida, se eu me identificasse com essa filosofia, iria até ela, mas não, eles querem forçar todo mundo a acreditar no que eles dizem e também se esforçam para fazer com que nos sintamos os maiores pecadores imundos do universo. Sai pra lá!

Muitas pessoas se acumulam dentro de cada vagão, e cada uma delas têm uma crença, segue uma bíblia diferente. Há, também, os que não acreditam em nada, e daí? Porque nós temos que respeitar a crença dos evangélicos e eles não têm que respeitar a nossa? Essa é primeira denúncia de tanta incoerência nesse discurso irritante.

Quando entra um vendedor, mesmo sendo proibido, você tem a escolha de comprar ou não. A mesma coisa é com os pedintes: dá esmola se quiser. Todos irritam, principalmente quando o trem está lotado (como sempre) e você ainda tem que ficar se dobrando pra dar espaço aos vendedores, seus isopores, pedintes, suas bengalas e por aí vai. Mas me irrita mesmo a falta de consideração religiosa que teima em invadir o trem, invadir a ideologia de cada um e o Deus que governa cada uma daquelas vidas. Na verdade, acho que me ofende ver alguém usando o MEU Deus dessa forma. Ninguém é obrigado a viajar cansado, pregado mesmo, com uma matraca histérica e fanática que não respeita aqueles a quem chama de irmãos. Eu quero que a minha crença e o meu espaço sejam respeitados, só isso!

E olha que eu não citei os cantores e suas violas toscas, hein. Essa eu vou deixar para a próxima.