sexta-feira, 18 de julho de 2008

Trem, um lugar para leitores

Sim, a leitura dentro do trem ocorre de diversas formas. Há o Jornal do Trem, popular, entregue às sextas-feiras em quase todas as estações no período da manhã. Fora esse, os homens lêem muito os jornais de esporte, e sempre com muito interesse. Alguns, em menor número, lêem os jornais mais tradicionais, como Folha e Estadão. Jornais pequenos são lidos também, mas apenas aqueles de distribuição gratuita e entregues ali, nos arredores das estações. Mulheres não lêem jornais. Pelo menos não dentro do trem - e isso até me preocupa um pouco . Elas lêem mais revista - o que, por outro lado, me alegra (embora as leitoras de Veja sejam muitas... éca!). Mas elas lêem livros, muitos livros, e de gêneros mil.

O livro é o meio de leitura predileto de homens e mulheres, jovens, meia-idade e idosos, usuários do trem. Alguns títulos são freqüentes, assim como determinados horários também são mais propícios para os leitores. Mas essa é apenas uma questão ilustrativa, porque há muitos leitores dentro do trem em qualquer horário, principalmente nos de pico. Sentados ou em pé, os leitores estão sempre lá, agarrados aos seus companheiros de papel.

Inquestionavelmente, a campeã em número de leitores de vagão é a escritora de contos mediúnicos Zibia Gasparetto. E não pense que ela é preferida pelas mulheres, não, pois já vi muitos homens mergulhados na literatura espírita dela. Quando vir alguém lendo no trem, corra os olhos até a contra-capa para conferir o que eu digo: na maioria deles você achará a fotinha manjada da Zibia, sorrindo feliz e contente (lóóóóógico). Ela tem mais de 30 títulos publicados, e acho que todos já passearam de trem. Mas confesso que a Zibia já teve mais leitores. Não sei se foi a minha mudança de horário ou se o gosto popular evoluiu, mas alguns outros títulos têm disputado o primeiro lugar com ela há, pelo menos, uns 2 anos. Um deles é a Bíblia.

Quando comecei a escrever, fiquei em dúvida se a Bíblia não ganharia da Zíbia. São muitos os leitores do livro sagrado, compenetrados, estudando os antigos manuscritos. Mas trata-se de uma leitura difícil, cansativa – embora muito interessante -, o que me faz crer que nem todo mundo teria saco para encará-la. Depois da Bíblia, temos títulos mais conhecidos, e aí você entende a lógica do sucesso de vendas de alguns. Dan Brown que o diga!

Já vi todos os do polêmico escritor norte-americano no trem, tendo até descoberto títulos recentes por lá, nessas observações. Autor de O Código Da Vinci (escrito em 2003, leitura constante até hoje nos vagões), e outros sucessos, como Fortaleza Digital (1998), Anjos e Demônios (2000) e Ponto de Impacto (2005), o polêmico Dan Brown deve muito aos passageiros do “piuí”.

O romancista Khaled Hosseini também deveria dedicar algum título a esse público, afinal, os seus Best Sellers O caçador de pipas (2006), e mais recentemente A cidade do sol (2007) também têm andado bastante pelo transporte ferroviário aqui em São Paulo. Isso para citar apenas alguns, os que vejo mais.


Conspiram a favor
Se você pensar bem, faz sentido essa presença constante e tão marcante dos livros entre os usuários do trem. Tudo conspira para isso... uma coisa boa pelo menos!

A CPTM tem uns projetos bem legais ligados à educação e cultura, entre outros. Vamos começar pelo mais óbvio: o Museu da Língua Portuguesa. Inaugurado em 2006, o museu dedicado ao universo lusófono é um projeto inovador e que nos rende ótimos créditos no mundo. Onde ele está? Dentro de uma estação de trem! Ele fica instalado no prédio acima da plataforma de trens da Estação da Luz (que está linda!), no centro de Sampa, por onde passam cerca de 300 mil pessoas por dia. Quer incentivo melhor? Trata-se de um conceito antigo aplicado de uma forma muito moderna, já que sua museografia usa tecnologia de ponta e recursos interativos. É uma opção interessante para descobrir os encantos da nossa língua.

Fora isso, já ouvi falar de diversos projetos junto aos usuários funcionários da Companhia, como o “Clube dos amigos da leitura da CPTM”, na qual a campanha Faça Parte previa incentivo à leitura. Em edições periódicas, a empresa realizou a campanha Livro Livre, que consiste em pedir aos usuários que deixem livros em locais públicos para que outras pessoas tenham acesso e possam compartilhar deles, “tornando a cidade uma grande biblioteca a céu aberto”, conforme divulgado.

Além disso, há a Biblioteca CPTM – Mário Covas, na estação Presidente Altino, que empresta livros aos usuários cadastrados. E, segundo informações da assessoria de imprensa, o passageiro também pode contar com o Espaço Cultural, Mezanino da Estação Brás, onde são apresentados diversos trabalhos culturais e informativos.

E pra finalizar, não posso deixar de citar aqui as máquinas de livros, como aquelas de refrigerante, nas quais podemos comprar obras de gêneros diversos a preços populares – a maioria a R$5,00, encontradas em muitas estações, especialmente nas do Metrô (SALVE O METRÔ, ADORO!). Elas não deixam de ser também um mecanismo de incentivo à leitura de vagão.


Um benefício valioso
Ler é uma coisa boa que a cansativa viagem de trem nos proporciona. Para aproveitar o tempo que se perde ali, parados, sem alternativa, recorremos a meios úteis como a leitura, transformando tempo perdido em tempo aproveitado, no qual aprendemos, mergulhamos, relaxamos. Consideremos também os livrinhos de passa-tempo, que enriquecem o vocabulário e ensinam muita coisa legal, vendidos com caneta e tudo pelos marreteiros. Muita gente é adepta deles.

Acredito que muitas pessoas descobriram os encantos da leitura graças à viagem de trem. Ufa, algo de bom nessa nossa rotina, hein!

Serviço:

Museu da Língua Portuguesa
Aberto de terça a domingo, das 10 às 18h, com ingresso a R$4,00 (estudante paga meia).
Endereço: Praça da Luz, s/nº, Centro – São Paulo.
Fone: (11) 3326 0775
E-mail: museu@museudalinguaportuguesa.com.br

Biblioteca CPTM – Mário Covas
O cadastro é gratuito, você só precisa levar uma cópia de comprovante de endereço recente.

Site da CPTM, para informações sobre os projetos culturais:
www.cptm.sp.gov.br

3 comentários:

Deborah Huff disse...

Oi Aliz!
Obrigada pelos comentários no Políticos e Promessas. O show de horrores destas eleições está apenas começando...rsrs
Adorei o seu post. Nossa, quantas vezes li apostilas inteiras da facul nos trens e metrôs da vida. É uma ótima para passar o tempo e esquecer do aperto! rs. As iniciativas de leitura tb estão de parabéns, nem tudo está perdido...

Parabéns novamente pelo blog, ele relata muito bem o dia-a-dia nos transportes públicos. Sempre entro aqui para ver os novos textos! rs
beijos!!!

Cristiane Ferreira disse...

Cada dia que entro no trem fico mais feliz?
ESTRANHO?!?!?!!? SIMMMMM
mas fico feliz pois mais e mais pessoas estão lendo livros, seja ele de que assunto for!!! E mais...não sei se é somente na linha Rio Grande da Serra (ou das trevas..rsss) / Luz, mas os adolescentes estão começando a consumir mais esse "troço" chamado livro.

Bem....que legal!!!!

mas ficaria melhor se todos pudessem sentar para ler né??? mas isso é outro caso...kkkk

Anônimo disse...

É UMA VERDADEIRA VERGONHA O QUE ESTA ACONTECENDO EM JANDIRA/SP OS FUNCIONARIOS GANHAM UMA MISERIA DE SALARIO E MESMO ASSIM ELES TEM CORAGEM DE CORTAR O QUE O TRABALHADOR CONSEGUIU COM ANOS DE LUTA. ( O AUXILIO TRANSPORTE )