sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal! Feliz 2012!

Clique na imagem para vê-la maior.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Toque piano na estação

Sabe tocar piano? Que tal dar uma palhinha em alguma das estações de trem de São Paulo? Público, garanto, não vai faltar.

Este é mais um projeto social da CPTM (eles me chamam bastante a atenção). Tudo começou em 2008, quando o projeto “Toque-me, sou teu”, do artista inglês Luke Jerram, em parceria com o SESC-SP, espalhou oito pianos pela capital paulista durante dez dias. A intuito foi atrair todo mundo que goste e saiba algo de piano para demonstrar publicamente um pouco desse talento.

Assim que o “Toque-me, sou teu” teve fim, a CPTM recebeu dois pianos: um , que fica permanentemente no saguão de acesso à estação da Luz, na entrada ao lado do Parque da Luz; e o outro, itinerante, levado de estação em estação periodicamente. Este, já passou pelas estações Santo Amaro, Santo André e Granja Julieta, por exemplo.

Hoje, segundo divulgado no site da Companhia, o piano itinerante está na Barra Funda. Seu próximo destino, em breve, será a estação Pirituba.

Você pode acompanhar o paradeiro do instrumento, clicando aqui.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

E falando em trem e cultura ...

Pessoas com deficiência visual ou auditiva já podem apreciar a exposição multimídia OMISTÉRIOOTEMPOEMPOESIAS na Estação Luz

A exposição OMISTÉRIOOTEMPOEMPOESIAS, do artista Cacau Brasil, instalada na Estação Luz desde outubro de 2009, em São Paulo, foi totalmente adaptada para receber, também, deficientes visuais e auditivos. A mostra, que reúne pinturas, poesia, música, videoinstalação e performances cênico-musicais, estará aberta até o dia 28 de fevereiro, com entrada gratuita, de terça à domingo, das 10h às 18h.

A acessibilidade agora disponível é resultado de uma parceria entre a ONG Diferenças junto à Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Nela, os visitantes contarão com o auxílio de intérpretes de libras, tradução dos textos das obras para o Braille, piso tátil, além de ampliação de todos os textos para pessoas com baixa visão. Tem até material com informações sobre acessibilidade do local e seus arredores, tudo perfeitamente adaptado.

As performances teatrais, o vídeo e as obras em audiodescrição também poderão ser desfrutados por deficientes visuais, que contarão com equipamentos adequados para um acompanhamento tranqüilo e completo. Esse recurso, inclusive, será feito pelo próprio artista, que falará sobre a criação de cada obra, detalhará posicionamentos, cenários, formas, cores e tudo o mais.

E mesmo que você não possua nenhuma deficiência, ainda assim poderá conhecer a mostra por outra perspectiva. Nessa experiência sensorial, “os visitantes poderão vendar os olhos e experimentar todos os recursos elaborados para as pessoas com deficiência, ‘vendo’ e, principalmente, sentindo a exposição de outra maneira”, garante a nota divulgada no Portal do Governo de São Paulo.


Serviço:

Passadiço da Estação da Luz
Endereço: Praça da Luz, s/nº - Centro - São Paulo
Telefone: (11) 3326-0775
Horário: de terça a domingo, das 10 às 18 horas
Entrada gratuita

Trem bão, sô!

Estação Brás conta com professores tira-dúvidas de Português e Matemática todos os dias



Ler, escrever e estudar dentro do trem é coisa comum. Eu mesma fiz boa parte do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), da faculdade, no trenzão, durante as idas e vindas do trabalho. Mas dispor de um serviço gratuito de tira-dúvidas com professores Mestres e Doutores em Língua Portuguesa e Matemática nas estações não é do meu tempo, não.

Deve ser porque essa acabou de sair do forno – ou seria das locomotivas? Desde 18/02/2010 que dois professores estão instalados em um stand de 50m², ao lado da biblioteca Embarque na Leitura, no Espaço Cultural da Estação Brás, à disposição dos usuários para tirar dúvidas sobre essas duas disciplinas, todos os dias, de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h.

A iniciativa faz parte do projeto Tira-Dúvidas, em implantação pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo (STM) e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que contam com a parceria do grupo educacional Estácio/UniRadial. A ideia foi experimentada durante o período de 28 de janeiro a 8 de fevereiro de 2010 e, dando certo, foi adotada de vez.

A “sala de aula” inusitada conta com mesas e computadores conectados à internet, usados pelos professores durante as orientações. Qualquer pessoa pode desfrutar do serviço, que é gratuito e não necessita de agendamento prévio.

Segundo a CPTM, o “Tira-Dúvidas” deve ser expandido a outras estações, tanto de trens quanto de Metrô em breve.

Chique, né?

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz Natal! Feliz Ano-Novo!


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Maria Fumaça chega a São Roque

Já não era sem tempo! Finalmente São Roque, cidade interiorana que fica a cerca de 60 km da capital paulista, irá incrementar seus esforços turísticos com o bom e velho passeio de Maria Fumaça, como já existe tradicionalmente nas cidades de Jaguariúna (SP), Tiradentes (MG) e em Bento Gonçalves (RS).


A locomotiva tem tudo a ver com a cidade, que mantém aquele clima fresco de serra, vários pontos históricos e a fama de cidade do vinho, devido às tradicionais vinícolas ali instaladas. Paisagens naturais e tranquilidade não vão faltar por esses trilhos, ainda mais com a grande influência que a antiga Estrada de Ferro Sorocabana já exerceu naquela região em tempos idos. História pura!

A prefeitura da cidade adquiriu a Maria Fumaça no começo de novembro em nome do projeto Trem Turístico, que desde 1987 faz parte dos tópicos apontados pela Secretaria de Turismo e Lazer do Estado de São Paulo para elevar São Roque à condição de Estância Turística.

A locomotiva custou cerca de R$ 400 mil e o passo seguinte será adquirir os vagões de passageiros. O percurso deve abranger a Estação Central de São Roque, Estação de Mairinque (cidade vizinha) e a Estação Canguera, que fica no circuito da rota do vinho. Estas, por sua vez, precisam de uma reforma para atender adequadamente ao projeto, e por isso a Maria Fumaça de São Roque só deve começar a soar os seus primeiros “PIUÍ” no segundo semestre de 2010.

A novidade deverá elevar bastante o número de visitantes. São Roque possui um clima agradável e acolhedor, além de combinar perfeitamente com o romantismo e a diversão que um passeio de Maria Fumaça sugere. Tomara que pessoas competentes se encarreguem de fazer com que o serviço seja rico e conquiste os turistas, como acontece em Bento Gonçalves, por exemplo.

Já tive o prazer inesquecível de passear na Maria Fumaça dessa lindíssima e cheia de história cidade gaúcha. O percurso, além de lindo, é muito divertido, com grupos musicais tocando a Tarantela e puxando a gente pra dançar no meio do vagão. Nas estações de bento Gonçalves, a festa também é garantida, com degustação de vinhos e queijos, além de mais música italiana. Portanto, a criatividade e a animação são pontos cruciais em um projeto como esse. Quando começar, venho aqui contar o gostinho que tem, tá bom?

Expresso Turístico, da CPTM, também deve passar por São Roque

Até que têm chegado boas notícias pelos trilhos de São Roque. Além da implantação do trem Turístico, São Roque deverá entrar no circuito do Expresso Turístico, programa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) cujo roteiro visa divulgar o turismo de municípios presentes na rota da ferrovia.

Pelo menos foi isso que o prefeito da cidade, Efaneu Nolasco Godinho, juntamente com o seu chefe da Divisão de Turismo Sandro Cobello e o deputado estadual João Caramez, foi pedir no dia 9 de outubro ao secretário adjunto da secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos João Paulo de Jesus Lopes, em reunião na sede da secretaria em São Paulo.

Na proposta, o expresso sairia da capital paulista pela linha Diamante (que vai da Estação Julio Prestes até Amador Bueno, em Itapevi), seguindo caminho até São Roque. O percurso prevê um passeio capaz de explorar três tipos de circuitos: do vinho, ecológico e cultural.

Eu, particularmente, vou torcer por isso. Seria ótimo para São Roque em termos de alavancar o turismo e também porque, com certeza, o passeio tem tudo pra ser muito agradável. Aquela região merece!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O trem me exauriu! Parte II

Dando continuidade ao post anterior, só que agora com menos poesia, vamos lá: o trem me pegou!

Não, calma! Eu nunca fui atropelada pelo trem, mas é como se fosse. A vida, até o pedaço em que eu via os trens passarem na frente de casa era uma, depois, ao me tornar uma cidadã dependente do trem para poder trabalhar foi outra. A rotina dentro desse meio de transporte é coisa de louco! Bem, não preciso ir longe, é só você acompanhar o que já foi postado neste blog que já dá pra ter uma idéia. Nada do que foi publicado aqui foi inventado, aliás, este blog nasceu justamente por causa das minhas observações dentro do trem durante as inúmeras viagens que fiz. Eu disse a mim mesma que aquilo era tão surreal que merecia virar história. E virou! Só que são histórias totalmente baseadas em fatos reais, sem qualquer ficção. E precisa?

Sei que aprendi a perceber o crescimento do número de empregos através do trem. A cada semestre, por exemplo, o transporte se torna menor, mais apertado e mais absurdo. Nos horários de pico fica muito claro para os passageiro diários a situação do país. Garanto: no ano passado tivemos um Record nas contratações!

Você junta essa super lotação à falta de estrutura, de manutenção, aos atrasos constantes, às paradas repentinas, acidentes e bizarrices, não dá outra: doideira. Eu cheguei a um ponto que não dava mais pra suportar. Você tem noção do que é ser mulher dentro de um trem desses? Além da sucata que pagamos pra usar, há os passageiros com quem temos de dividir um espaço mais do que escasso e as partes mais íntimas do nosso corpo. Gente, isso estressa muito!

Pra começar: eu saía do trabalho às 18h e ficava na estação até à 19h tentando entrar no trenzinho. Duas estações depois, descia e atravessava a estação para esperar o outro. Pra entrar nesse, mais uma batalha. Quarenta minutos depois (se tudo corresse bem), chegava à estação final e ainda tinha de esperar um ônibus que passa de hora em hora. Isso quando o trem não parava entre as duas últimas estações e ficava por lá mesmo, até muitos de nós perdermos esse ônibus e termos de esperar até as 22h pelo próximo. Essa rotina foi cozinhando meus nervos (que já não são muito tolerantes ao calor).

Já levei pedrada no trem, catarrada, baforada. Já presenciei brigas, amassos, fofocas, porres, exploração e abuso de poder lá dentro. São tantas histórias que, creio, esse blog terá vida longa! Depois disso tudo não tinha como: o trem me exauriu!

Eu balançava lá dentro inconformada com aquilo que se passa todos os dias nos vagões. Claro, há coisas muito cômicas, mas convenhamos, são todas trágicas. Nós brasileiros é que somos pacivos demais e levamos tudo na esportiva, mas se for analisar a fundo, é uma humilhação, um desrespeito, um quadro deprimente das condições de vida e da realidade de muitos ali, bem do nosso lado. Sim, porque embora o trem carregue pra lá e pra cá muita gente, nem todos são miseráveis. Há engravatados, mulheres de salto co-có-có no trem, junto com pessoas visivelmente muito pobres. É um transporte para todos, mas isso não é mérito, uma vez que os serviços prestados são precários. Por que o Metrô não chega a isso?

Todos os dias, ida e volta, eu ia sonhando em ter condições de comprar um carro. Eu me via, me sentia no trânsito caótico. Mas esse era um sonho distante, pois se eu me baseasse no salário que ganhava, o trem seria meu transporte pra sempre e o maquinista meu chofer. Lembro que na época em que o livro e o DVD “O Segredo” estouraram em sucesso, eu, claro, comprei. Li e reli, vi o DVD várias vezes e aquilo começou a me influenciar. Inclusive, “O Segredo” esteve, por muito tempo, na lista de best sellers do trem, conforme postei um tempo atrás. Creio que as viagens de trem e a indignação que sentia com aquela situação cada vez pior ajudaram muito nesse processo de mentalização e atração. Eu mentalizei tanto o meu carro, mas tanto, mas tanto, que consegui! [risos. Não posso evitar, estou às gargalhadas!]

Mas antes disso, a verdade é que eu cheguei a um ponto em que só de pensar em trem já ficava atormentada. Eu comecei a fugir dele de todo jeito, chegando a pegar até 3 ônibus e demorar horas e horas pra não passar nem perto de uma estação. Eu atingi um grau de stress tão grande que estava a ponto de pular no pescoço de quem me dirigisse qualquer palavra dentro do trem. Eu me enterrava entre blusas, bolsas, pra não olhar em volta e não ouvir nada. E quanto eu estava na estação e via aquele VT da TV Trem em que entrevistavam o administrador da CPTM sobre os serviços oferecidos e ele dizia que era um serviço modelo e que estava prestes a superar em qualidade o Metrô, eu xingava o cara em plena estação na frente de todo mundo. Pode? Eu discutindo com a TV de plasma da estação diante de centenas de pessoas? Fim de carreira!

Bem... hoje eu já não sou mais uma passageira de trem. E esse desquite aconteceu antes de poder dirigir meu carro (uma vez que o comprei mas não tinha carta, portanto, não podia usar... hihihihi). Como disse, eu comecei a fugir dos trens, optando por qualquer outro transporte que não fosse ele. Hoje, o vejo passar muito de vez em quando e longe, bem longe. No fim das contas, não ficaram as melhores lembranças.

Que Deus me ajude a ter carro pra sempre, e que brotem estradas para que caibam todos nelas, afinal, este está sendo o drama atual. Mas saiba que não digo isso por falta de humildade (e nem de consciência), mas por puro desencantamento e revolta. Sempre achei o trem a melhor opção em transporte público, mas abandonado como está, não tem jeito. Todo sucateado e mantido por incompetentes, o que poderia salvar muitas metrópoles do caos, está sendo motivo de doença social de muitos trabalhadores. Pura falta de respeito mesmo.

Viu como uma história pode começar bonita e terminar feia? Foi isso o que o trem fez comigo nessa história. Imagine o que faz com aqueles que encaram essa realidade a vida toda por falta de opção? Não é drama, isso tudo causa doença nas pessoas, doenças psicossociais que têm vitimado cada vez mais trabalhadores hoje em dia. São as chamadas doenças da modernidade.

Mas não pretendo abandonar este vagão aqui. O criei com muito amor e sempre postei nele com o máximo de responsabilidade. Gosto dele e das histórias que ele me trouxe. Boas ou ruins, afloraram minhas percepções e meu poder de observação. Só que agora terei de conversar mais com passageiros, ler mais notícias sobre ele, viver novas experiências ferroviárias e até dar uma guinada no gancho. Quem sabe agora a gente começa a contar um pouco da história desse trem até descobrirmos como ele se tornou o que é hoje?

Prometo que vou buscar "estações" interessantes escondidas pra postar aqui. Piuí pra você!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O trem me exauriu! Parte I

Uma vida inteira, até agora, andando de trem. Começa que, desde pequena, acompanho o vai-e-vem de trens bem na porta de casa. Fui criada e moro, até hoje, no interior de São Paulo. A nossa chácara lá fica bem de frente com a linha do trem, que eu cresci vendo ir e voltar e balançar a rua quando passava. Eram trens de carga, de passageiros, trens chiques. Não foi no meu tempo, mas tudo começou com a Sorocabana, que pode render um post bem bacana pra cá. Mas tinha também um trem que todo mundo chamava de “Rápido”. Ele era todo prateado e, diziam, cortava muitas e muitas cidades, inclusive Estados. Era um trem de viagem. Nunca o vi por dentro, mas os adultos diziam que “o Rápido era trem chique”. Acenávamos, da rua de terra na beira da linha, para os passageiros quando ele passava. Quase sempre recebíamos “tchauzinhos” de volta.

Um dia esse trem parou de passar. Ficamos com o “trenzinho assassino”. Eram vagões brancos com uma listra vermelha e outra preta cortando o meio, que carregavam passageiros que trabalhavam fora da cidade, estudantes e outros. Um trem circular, digamos. Ele recebeu esse nome feio, “Trem assassino”, porque foram incontáveis as vidas que cessaram com a sua passagem. Meu próprio bisavô morreu atropelado pelo trem, uma vez que lá, até hoje, a gente ainda tem que atravessar a linha pra tudo: ir ao mercado, à padaria, à escola. Um dia, quando eu tinha 7 anos, indo para a escola com a minha mãe, vimos o trem atropelar um menino da minha idade, bem na nossa frente, sem que desse tempo de fazer nada. Quando minha mãe viu que o menino olhava, na beira da linha, para o lado contrário de onde o trem vinha apitando, ela correu muito para puxá-lo, mas não deu tempo. Por um bom período fiquei com aquela imagem gravada na memória.

Mas esse trenzinho não remete apenas a más lembranças. Minha avó materna, que mora perto da capital, sempre ia nos visitar e usava esse trenzinho. Eu ficava esperando por ela na beira da linha, e quando o trem parava eu já a avistava, com seu casado azul de lã e sua bolsinha bege de sempre, vindo. E eu corria ao seu encontro, gritando o seu nome, pendurava em seu pescoço e pegava a sua bolsa. Por quanto tempo fiz isso! Hoje, esta mesma estação continua lá, sob a mesma construção, sendo conservada como patrimônio histórico da cidade. Mas hoje não há mais trens, só projetos assistenciais.

Hoje é engraçado lembrar e fazer essa relação, mas era um saco quando o trem resolvia parar bem quando a gente ia atravessar a linha pra comprar alguma coisa no comércio local. Quantas e quantas vezes tínhamos que pular o trem morrendo de medo que ele começasse a andar bem na hora em que estivéssemos lá empoleirados! Éramos tão bobinhos... os maquinistas paravam ali para almoçar ou tomar café no bar do Germano ou na Padaria (risos), e deixavam o trem impedindo a passagem de quem morava do lado de lá. Eram trens enormes, encompridados por muitos e muitos vagões de carga.

Era uma aventura! Para ir até Osasco, trocávamos de trem três vezes, e nem sempre era preciso pagar passagem, pois naquele tempo não havia catraca, e sim o chefe do trem que passava picotando os papéis. Lembro de gente que ficava alternando entre os vagões só para escapar do chefe, viajando sempre sem pagar. Era um trem de estudantes que, por incrível que pareça, saíam dessas cidades que rodeavam São Paulo, como Barueri, Carapicuíba, Osasco, e iam até São Roque, à noite, para estudar no Curso Normal, hoje Ensino Médio, em escolas públicas que tinham um processo seletivo concorridíssimo, como era a Escola Horácio Manley Lane em seus tempos áureos. Minha mãe participou dessa aventura, trabalhando em São Paulo e cursando Magistério em São Roque. Ela me contava que, por muitas noites, ficava presa no trem junto a outros estudantes, pois os atrasos naqueles tempos duravam horas. Não foram poucas as vezes que ela chegava em casa com o dia amanhecendo, com tempo apenas de tomar banho e seguir para o trabalho novamente. Foi assim que ela conheceu meu pai e, muitos anos depois, trocou a metrópole pelo interior, mas sem jamais perder a sofisticação.

De repente eu cresci e o interior foi se tornando um refúgio, um lugar mágico que a minha consciência, antes, não reconhecia, mas sem oportunidades de trabalho e estudo. Minha mãe, que já era da cidade grande, me proporcionou viver entre esses dois mundos até que eu ficasse encantada com a Capital e sonhasse com um lugarzinho ao sol por lá. Mas nessa época já não havia mais o trem. O tempo e a ampliação da circulação das linhas de ônibus entre as cidades tirou desses trilhos o prateado “Rápido”, e depois também o trenzinho de passageiros. Até os trens de carga da Votorantin e outras grandes empresas históricas naquela região - que as vezes tombavam e faziam a festa para as famílias que corriam para a linha catar algodão, trigo, arroz e tudo o mais - são raros. Os trilhos estão tomados por ferrugem e mato, nem lembram mais aquela estrada de ferro de épocas gloriosas e movimentadas por onde passavam os trens que nos reluziam e para os quais nós, as crianças, acenavam em troca de apitos dos maquinistas. Ainda se vê alguns trens de carga passando, mas quase nem são mais percebidos. A linha de trem morreu e, que pena, nem virou história.

Bem quando os jovens do interior são obrigados a tentar a vida na Capital e nas grandes cidades em volta não temos mais à disposição a praticidade do trenzinho. Para ir e vir de lá pra cá, como transporte público, temos apenas ônibus e seus atrasos e condições questionáveis. Sim, hoje os horários são bem melhores do que antigamente, além da opção de ônibus direto para São Paulo, mas o trem, em termos de custo e praticidade, seria uma mão na roda neste momento em que é grande o número de estudantes e trabalhadores que fazem o caminho inverso ao de antigamente.

Mesmo assim eu não escapei. Fui para a capital estudar e trabalhar e, lá, não pude evitar: o trem, mesmo que a partir de um trecho em diante, era a melhor e mais barata opção. Muita gente faz isso: sai cedo do interior de ônibus, vai até a cidade de Itapevi, e lá pega o bom e velho trem (mais destaque para o adjetivo velho). E é a partir daí, já na minha condição de passageira dependente desse trem lotado, que a minha visão romântica sobre esse meio de transporte começou a se transformar...Justificar

Essa história continua, tá bom?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ano-Novo-Ano

Amigos,

a duração de um ano depende muito do que vivemos enquanto ele acontece. Há épocas em que o ano parece voar, mas há situações que nos fazem sentir como se o tempo parasse. Vivemos, nos mínimos detalhes, momentos bons e ruins durante esses 365 dias e, lá no final, fazemos um balanço bem superficial para determinar se foi bom ou ruim. Bem, cada um desses momentos nos marcam muito, mas sem eles o ciclo não se completaria e nós não poderíamos dar continuidade a um novo ciclo. Momentos bons ou ruins são sempre aprendizados e o importante é que sejamos conscientes disso. Mas o mais importante é estar receptivo para essas lições da vida, afinal, são os empurrões que precisamos para evoluir e progredir. Em 2009, eu desejo que essa vontade de aprender fique ainda mais apurada no espírito de vocês, ao passo que o medo - qualquer que seja - desapareça, dando espaço à coragem e à ousadia.

Neste momento fechamos mais um ciclo e cada um vai avaliá-lo à sua maneira. Bom ou ruim, aconteceu e nos mudou de alguma forma. Espero que todos vocês tenham mudado para melhor, pois é essa a nossa missão principal aqui. E como a vida é maravilhosa, o término de um ciclo é também o começo de outro: novas oportunidades, mais chances, recomeço, renovação... maravilhoso, não é mesmo? Então, aproveitemos essa oportunidade para sermos o que ainda não conseguimos ser, para ter o que ainda não conquistamos, para chegar aonde queríamos chegar, mas principalmente, que melhoremos tudo que ainda falta melhorar. Que haja amizade sincera em seu dia-a-dia, bondade aonde quer que vá, união na família, produtividade e satisfação no trabalho, harmonia e realização em todos os setores de nossa vida! Mas não podemos esquecer do que é básico: fé, saúde, proteção, força, e paz.

E como em time que está ganhando não se mexe, desejo estar com vocês nos dias de 2009 e nos outros que virão, assim como quero que vocês se lembrem e saibam que podem contar comigo também. Muita felicidade, sonhos realizados e crescimento a todos!!! Obrigada por fazerem parte da minha vida.

2009 beijos
Aliz

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Dispositivos que ajudam a suportar

Depender de transporte público não é fácil! Eu estou com fobia de trens, e isso explica a ausência de posts novos neste blog. O trenzinho, aquele da linha “Esmeralda” então... vixe! Estou com verdadeiro pânico e tenho feito doideiras (e gasto bem mais) só pra fugir dele.

Os políticos deveriam ser obrigados a usar apenas o transporte público que oferecem. Ué... nada mais óbvio e justo! Táxis, carros com motorista, helicópteros e outras facilidades não deveriam ser permitidas, eles teriam mesmo é ter de pegar “buzão” e, principalmente, “trenzão” para se locomoverem. Se fossem obrigados a isso, iriam abrir mão do cargo rapidinho.

Se isso fosse sugerido, apareceriam vários argumentos contra, e um poderoso seria o atraso. Políticos têm muitos compromissos, não podem se atrasar. Dependendo de transporte público, dificilmente conseguiriam cumprir suas agendas. Ahahahaha... e nós, cidadãos, trabalhadores, não temos agendas e horários a cumprir??? Pois não é esse o tipo de transporte que oferecem para nós??? Então, nada mais correto do que terem de usá-lo também, de suportá-lo, de depender deles, e ainda correndo o risco de serem demitidos por chegarem atrasados, assim como nós.

Ainda por cima, por causa do trânsito caótico, fazem campanhas e mais campanhas para que a população use mais os meios de transporte públicos, evitando colocar mais carros nas ruas. Ora, por favor!!! Usar qual transporte público? Hoje o problema é o trânsito, mas se as pessoas decidissem usar os ônibus, trens e metrôs que temos à disposição, então nem consigo imaginar o tamanho da catástrofe. Já não cabe mais gente nesses meios, e a cada semestre a coisa piora. A qualidade dos serviços prestados é precária e o estado de conservação é deplorável!

Mas nós dependemos deles, não é mesmo? Então o jeito é arrumar formas para suportar esse fardo tão pesado. Com tal missão desafiadora ficam dispositivos como MP3, MP4 players e as outras versões que não param mais de surgir. Temos também os celulares, palm tops, cada vez mais repletos de opções em multimídia; sem esquecer dos joguinhos eletrônicos, como os mini-games e tal (eu já nem sei mais os nomes dados aos novos modelos). Esses brinquedinhos, sem querer querendo, nos ajudam a suportar essa verdadeira máquina de fazer louco que é a rotina numa cidade como Sampa.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Trem, um lugar para leitores

Sim, a leitura dentro do trem ocorre de diversas formas. Há o Jornal do Trem, popular, entregue às sextas-feiras em quase todas as estações no período da manhã. Fora esse, os homens lêem muito os jornais de esporte, e sempre com muito interesse. Alguns, em menor número, lêem os jornais mais tradicionais, como Folha e Estadão. Jornais pequenos são lidos também, mas apenas aqueles de distribuição gratuita e entregues ali, nos arredores das estações. Mulheres não lêem jornais. Pelo menos não dentro do trem - e isso até me preocupa um pouco . Elas lêem mais revista - o que, por outro lado, me alegra (embora as leitoras de Veja sejam muitas... éca!). Mas elas lêem livros, muitos livros, e de gêneros mil.

O livro é o meio de leitura predileto de homens e mulheres, jovens, meia-idade e idosos, usuários do trem. Alguns títulos são freqüentes, assim como determinados horários também são mais propícios para os leitores. Mas essa é apenas uma questão ilustrativa, porque há muitos leitores dentro do trem em qualquer horário, principalmente nos de pico. Sentados ou em pé, os leitores estão sempre lá, agarrados aos seus companheiros de papel.

Inquestionavelmente, a campeã em número de leitores de vagão é a escritora de contos mediúnicos Zibia Gasparetto. E não pense que ela é preferida pelas mulheres, não, pois já vi muitos homens mergulhados na literatura espírita dela. Quando vir alguém lendo no trem, corra os olhos até a contra-capa para conferir o que eu digo: na maioria deles você achará a fotinha manjada da Zibia, sorrindo feliz e contente (lóóóóógico). Ela tem mais de 30 títulos publicados, e acho que todos já passearam de trem. Mas confesso que a Zibia já teve mais leitores. Não sei se foi a minha mudança de horário ou se o gosto popular evoluiu, mas alguns outros títulos têm disputado o primeiro lugar com ela há, pelo menos, uns 2 anos. Um deles é a Bíblia.

Quando comecei a escrever, fiquei em dúvida se a Bíblia não ganharia da Zíbia. São muitos os leitores do livro sagrado, compenetrados, estudando os antigos manuscritos. Mas trata-se de uma leitura difícil, cansativa – embora muito interessante -, o que me faz crer que nem todo mundo teria saco para encará-la. Depois da Bíblia, temos títulos mais conhecidos, e aí você entende a lógica do sucesso de vendas de alguns. Dan Brown que o diga!

Já vi todos os do polêmico escritor norte-americano no trem, tendo até descoberto títulos recentes por lá, nessas observações. Autor de O Código Da Vinci (escrito em 2003, leitura constante até hoje nos vagões), e outros sucessos, como Fortaleza Digital (1998), Anjos e Demônios (2000) e Ponto de Impacto (2005), o polêmico Dan Brown deve muito aos passageiros do “piuí”.

O romancista Khaled Hosseini também deveria dedicar algum título a esse público, afinal, os seus Best Sellers O caçador de pipas (2006), e mais recentemente A cidade do sol (2007) também têm andado bastante pelo transporte ferroviário aqui em São Paulo. Isso para citar apenas alguns, os que vejo mais.


Conspiram a favor
Se você pensar bem, faz sentido essa presença constante e tão marcante dos livros entre os usuários do trem. Tudo conspira para isso... uma coisa boa pelo menos!

A CPTM tem uns projetos bem legais ligados à educação e cultura, entre outros. Vamos começar pelo mais óbvio: o Museu da Língua Portuguesa. Inaugurado em 2006, o museu dedicado ao universo lusófono é um projeto inovador e que nos rende ótimos créditos no mundo. Onde ele está? Dentro de uma estação de trem! Ele fica instalado no prédio acima da plataforma de trens da Estação da Luz (que está linda!), no centro de Sampa, por onde passam cerca de 300 mil pessoas por dia. Quer incentivo melhor? Trata-se de um conceito antigo aplicado de uma forma muito moderna, já que sua museografia usa tecnologia de ponta e recursos interativos. É uma opção interessante para descobrir os encantos da nossa língua.

Fora isso, já ouvi falar de diversos projetos junto aos usuários funcionários da Companhia, como o “Clube dos amigos da leitura da CPTM”, na qual a campanha Faça Parte previa incentivo à leitura. Em edições periódicas, a empresa realizou a campanha Livro Livre, que consiste em pedir aos usuários que deixem livros em locais públicos para que outras pessoas tenham acesso e possam compartilhar deles, “tornando a cidade uma grande biblioteca a céu aberto”, conforme divulgado.

Além disso, há a Biblioteca CPTM – Mário Covas, na estação Presidente Altino, que empresta livros aos usuários cadastrados. E, segundo informações da assessoria de imprensa, o passageiro também pode contar com o Espaço Cultural, Mezanino da Estação Brás, onde são apresentados diversos trabalhos culturais e informativos.

E pra finalizar, não posso deixar de citar aqui as máquinas de livros, como aquelas de refrigerante, nas quais podemos comprar obras de gêneros diversos a preços populares – a maioria a R$5,00, encontradas em muitas estações, especialmente nas do Metrô (SALVE O METRÔ, ADORO!). Elas não deixam de ser também um mecanismo de incentivo à leitura de vagão.


Um benefício valioso
Ler é uma coisa boa que a cansativa viagem de trem nos proporciona. Para aproveitar o tempo que se perde ali, parados, sem alternativa, recorremos a meios úteis como a leitura, transformando tempo perdido em tempo aproveitado, no qual aprendemos, mergulhamos, relaxamos. Consideremos também os livrinhos de passa-tempo, que enriquecem o vocabulário e ensinam muita coisa legal, vendidos com caneta e tudo pelos marreteiros. Muita gente é adepta deles.

Acredito que muitas pessoas descobriram os encantos da leitura graças à viagem de trem. Ufa, algo de bom nessa nossa rotina, hein!

Serviço:

Museu da Língua Portuguesa
Aberto de terça a domingo, das 10 às 18h, com ingresso a R$4,00 (estudante paga meia).
Endereço: Praça da Luz, s/nº, Centro – São Paulo.
Fone: (11) 3326 0775
E-mail: museu@museudalinguaportuguesa.com.br

Biblioteca CPTM – Mário Covas
O cadastro é gratuito, você só precisa levar uma cópia de comprovante de endereço recente.

Site da CPTM, para informações sobre os projetos culturais:
www.cptm.sp.gov.br