Tudo e todos vieram de trem, subindo na estação Ceasa, bem no horário de pico – a hora em que o povo sai do trabalho. Pelo horário, aqueles legumes todos só podiam ser refugo do Ceasa
Eles fizeram assim: o moço mais novo se encaixava na porta, enquanto os demais corriam pra colocar todos os sacos, sacolas e carrinhos dentro do trem. Quando a porta fechava, o moço segurava um lado com os pés e o outro com as mãos, atravessado na porta, enquanto as mulheres e o outro moço passavam de lá pra cá, colocando tudo dentro do trem na maior afobação.
O trem lotado resmungava algo do tipo: “meu Deus, o que é isso?”. Mesmo assim, passageiros generosos saíram correndo à cata de sacolas ainda na plataforma, e não sei como, coube tudo entre todo mundo. Mas é fato: a bagagem incomum lotou uma ala inteira daquele trem já lotado.
Foi uma viagem intrigante. Aquelas cinco pessoas conversadeiras, observadas atentamente, pegaram dois trens em seus piores horários, subiram e desceram morros e muitas escadarias, e a aventura sequer tinha terminado. Dava um misto de preguiça e desespero olhar aquilo tudo e o que faltava para chegarem no destino final. Eles comentavam entre si: “eu quero ver é pra subir o morro lá de casa!”, mas davam graças a Deus por já terem cumprido boa parte do trajeto (e, por quê não, da missão?).
Viajamos com o cheiro de cebolas infestando o vagão, e só depois fui entender a ardência repentina nos olhos.
Eles desceram na última estação (Itapevi), onde há dois lances de escadas para subir , uma plataforma bem longa pra percorrer e três lances grandes de escadas para descer.
Não fiquei pra ver, não podia. Mas deu vontade de chorar... Deve ter sido a cebola.
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